“Você acha que sabe tudo sobre relacionamentos, até entrar em um. Você acha que sabe muito sobre o amor, até se apaixonar de verdade. Você pensa que sabe o que é sofrer, até ser deixado pra trás. A realidade é tão diferente do que imaginamos ou pensamos, tudo é tão intenso, tão ardente. Vamos viver a realidade?”

“Claro que eu vou te machucar. Claro que você vai me machucar. É claro que vamos machucar uns aos outros. Mas esta é a própria condição de existência. Para se tornar primavera, significa aceitar o risco de inverno. Para tornar-se presença, significa aceitar o risco de ausência.”

“Esqueça as palavras difíceis, os textos imensos e com frases ilógicas, os “poréns” dos quais me encho sem ter afirmado nada anteriormente e as aventuras que passo sem sair da minha cama. Esqueça a minha complexidade, pois hoje eu despertei com um gosto simples na boca, um gosto de vida, embora eu ainda esteja descobrindo o que significa metade da vida. Esqueça que eu me complico. Eu estou esquecendo de complicar.”

“Sempre haverá uma parte de mim que será detestável. Mas eu gosto disso.”

“Estava sorrindo, mas todos podiam enxergar a tristeza em seus olhos. Não conseguia, nem por um pequeno momento, esquecer dos problemas que o fazia sofrer. Sorria, mas não era um sorriso que vinha de dentro.”

“Promete ficar? Mesmo com minhas crises de ciúmes? Porque sou uma pessoa complicada, de se gostar… de se amar.”

“Alguns amores foram feitos para existir, e não para acontecer.”

Você sempre me disse que sua maior mágoa era eu nunca ter escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa. Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado. Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, depois, eu dormir meio chorando porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo. Outro dia eu encontrei um diário meu, de 99, e lá estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você. Porque você é meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tímido e desajeitado. Depois encontrei uma foto em que você está com um daqueles óculos escuros espelhados de maconheiro. E eu de calça colorida daquelas “bailarina”. E nessa época você não gostava de mim porque eu era a bobinha da classe. Mas eu gostava de você porque você tinha pintas e eu achava isso super sexy. E eu me achei ridícula na foto mas senti uma coisa linda por dentro do peito. Aí lembrei que alguns anos depois, quando eu já não era mais a bobinha da classe e sim uma estagiária metida a esperta que só namorava figurões (uns babacas na verdade), você viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridículo. Mas foi menos ridículo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. Você saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo. Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro cd do Vinícius de Morais. Ou quando me deu aquele com historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar com você e com mais metade da cidade, você me deu aquele cartão postal da Amazônia com um tigre enrabando uma onça. Também não sei porque eu não escrevi um texto quando você apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu já ouvi na minha vida “eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”. Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi a única coisa que não se pede a alguém que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado está viajando?”. E você fez. E você me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com você mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo. Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso. Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim. Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você. Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim. E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.

Paixão testa, o amor prova. A paixão acelera, o amor retarda. A paixão repete o corpo, o amor cria o corpo. A paixão incrimina, o amor perdoa. A paixão convence, o amor dissuade. A paixão é desejo da vaidade, o amor é a vaidade do desejo. A paixão não pensa, o amor pesa. A paixão vasculha o que o amor descobre. A paixão não aceita testemunhas, o amor é testemunha. A paixão facilita o encontro, o amor dificulta. A paixão não se prepara, o amor demora para falar. A paixão começa rápido, o amor não termina.


Acho que te devo um pedido de desculpas. É que nem eu mesmo gosto muito de mim, e fico meio assustado quando alguém me diz que consegue isso. É que você parecia minha amiga, só minha amiga. Você fala como uma amiga. Me cumprimenta como amiga. Me telefona e me convida para cinemas como uma amiga. Seu riso é de amiga. O seu abraço é de amiga. Nada além de amiga, entende? Amiga? Sei que andei falando coisas sem pensar. Me esforcei pra deixar quieto, ficar de boca calada, não fazer merda. Quase deu certo. Você sabe, sou meio blá. Olha, sei que andei falhando todas essas vezes, nos últimos meses. Em minha defesa, não era bem eu. Só estava tentando ser uma outra coisa, sei lá, algo que pudesse merecer você. Como eu poderia adivinhar que alguém como você gostaria de mim, assim desse jeito atrapalhado que eu sou? Um dia, eu sei, você vai entender os meus motivos. E talvez eu os entenda também. Você estava meio etílica, mas sei que foi honesta, pelo menos na hora em que disse aqueles troços. Não sei o nome disso que estamos sentindo um pelo outro e também não me importa. Pode ser o ápice ou o precipício, e tudo bem. E também não sei se teremos habilidade para cultivar isso por três semanas ou por três décadas inteiras. Só sei que agora estou interessado em saber como será o próximo passo.

Às vezes dá vontade de desistir de tudo, não sair mais de casa, dormir e dormir.

Quando eu te peço um pouco, é porque eu quero tudo que pode me dar. Quando eu te peço pra esquecer, é porque eu quero te fazer lembrar de tudo que passou. Quando eu te digo que eu não penso, é porque eu não paro de pensar. Quando eu tento me esconder, é porque eu só quero te mostrar o que eu ainda sou.

Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

“Então vem cá, sente aqui do meu lado e deixe eu te contar tudo o que eu sinto. É isso que você quer saber não é? Pois bem, eu sinto uma alegria imensa em estar contigo, sinto um puto tesão quando você me abraça por trás, sinto minhas bochechas ficando vermelha quando você me elogia, sinto uma paixonite por você, paixonite não, paixão mesmo. Quer mesmo que eu continue falando o que eu sinto? Ta bom. Sinto uma enorme confusão na minha cabeça e no coração, por não saber ao certo se você gosta ou não de mim, sinto que cada dia que passa eu me pego gostando de você cada vez mais, me sinto muito bem quando estou contigo, sinto que nossa boca se encaixa perfeitamente, e que sua mão foi feita pra ficar grudada na minha, ou às vezes na minha nuca, sinto um puto ciumes de você com suas amigas, sinto um medo enorme de te perder, sinto vontade de te ligar de meia em meia hora pra ouvir sua voz, de te mandar um sms dizendo o quanto eu gosto de você, sinto saudades quando a gente fica mais de 4 dias sem se ver, sinto vontade de ficar quando tenho que ir embora,ah cara, eu sinto tanta coisa por você. Sinto muito, mas se fosse pra falar tudo, ficaria aqui pro resto da vida. Você me faz sentir coisas que nunca senti antes.”

“Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre. E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém, e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto. Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho. Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento e não brinque com ele.”

“Para algumas pessoas eu não mostro nem metade do que realmente sou. Não por medo, mas por não valer a pena mesmo.”

“Fechei os olhos, apertando-os tanto que doía. Tentando empurrar para longe tudo o que eu via dentro da minha cabeça.”

Meus sentimentos são sempre exagerados, do ciúmes ao amor.

“Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.”

“Quero apenas deitar ao seu lado, sentir seu cheiro, e acordar com a certeza de que eu dormi no paraíso.”

Se você está sofrendo por causa de um amor perdido, eu tenho más notícias:

Não há nada que você possa fazer. E não há ninguém que possa ajudar.



“Meu tipo preferido de gente é aquela que espirra engraçado, que ri com a mão na barriga, que canta e dança qualquer música. Aquele tipo de gente que tropeça e finge que tá correndo, que sai de pijama na rua, que acorda rindo. Gente que não planeja tudo. Gente que pede licença, que diz “obrigado”, que pede desculpas, que chora assistindo filme. Aquele tipo de gente que é muito sincera, mas sabe quando e como falar, aquele que conversa olhando nos olhos. Aquela gente que diz que te ama, que mexe no cabelo dos outros, que lê as coisas no elevador, que conta piada, que joga conversa fora, que te organiza uma festa surpresa, um almoço ou um jantar surpresa… Aquele tipo de gente que te faz sorrir, que te faz sentir importante, que se importa. Aquele tipo de gente que não tem vergonha de ser feliz. Gente que gosta de gente.”
Gosto quando se entrega pra mim. Quando demonstra que esta feliz por estar comigo, quando ri de qualquer coisinha besta que eu digo. Sei lá, isso me faz bem. Me faz pensar que você gosta dessa coisa de “estar junto”, e que nada mais te importa quando somos só você e eu.

Sou homem

Quando nasci, meu avô parabenizou meu pai por ter tido um filho homem. E agradeceu à minha mãe por ter dado ao meu pai um filho homem. Recebi o nome do meu avô.

Quando eu era criança, eu podia brincar de LEGO, porque "Lego é coisa de menino", e isso fez com que minha criatividade e capacidade de resolver problemas fossem estimuladas.

Ganhei lava-jatos e postos de gasolina montáveis da HotWheels. Também ganhei uma caixa de ferramentas de plástico, para montar e desmontar carrinhos e caminhões. Isso também estimulava minha criatividade e desenvolvia meu raciocínio, o que é bom para toda criança.

Na minha época de escola, as meninas usavam saias e meus amigos levantavam suas saias. Dava uma confusão! E então elas foram proibidas de usar saias. Mas eu nunca vi nenhum menino sendo realmente punido por fazer isso, afinal de contas "Homem é assim mesmo! Puxou o pai esse danadinho" - era o que eu ouvia.

Em casa, com meus primos, eu gostava de brincar de casinha com uma priminha. Nós tínhamos por volta de 8 anos. Eu era o papai, ela era a mamãe e as bonecas eram nossas filhinhas. Na brincadeira, quando eu carregava a boneca no colo, minha mãe não deixava: "Larga a boneca, Juninho, é coisa de menina". E o pai da minha priminha, quando via que estávamos brincando juntos, de casinha, não deixava. Dizia que menino tem que brincar com menino e menina com menina, porque "menino é muito estúpido e, principalmente, pra frente". Eu não me achava estúpido e também não entendia o que ele queria dizer com "pra frente", mas obedecia.

No natal, minha irmã ganhou uma Barbie e eu uma beyblade. Ela chorou um pouco porque o meu brinquedo era muito mais legal que o dela, mas mamãe todo ano repetia a gafe e comprava para ela uma boneca, um fogãozinho, uma geladeira cor-de-rosa, uma batedeira, um ferro de passar.

Quando fiz 15 anos e comecei a namorar, meu pai me comprou algumas camisinhas.
Na adolescência, ninguém me criticava quando eu ficava com várias meninas.
Atualmente continua assim.

Meu pai não briga comigo quando passo a noite fora. Não fica dizendo que tenho que ser um "rapaz de família". Ele nunca me deu um tapa na cara desconfiado de que passei a noite em um motel.

Ninguém fica me dando sermão dizendo que eu tenho que ser reservado e me fazer de difícil.
Ninguém me julga mal quando quero ficar com uma mulher e tomo a iniciativa.

Ninguém fica regulando minhas roupas, dizendo que eu tenho que me cuidar.
Ninguém fica repetindo que eu tenho que me cuidar porque "mulher só pensa em sexo".

Ninguém acha que minhas namoradas só estavam comigo para conseguir sexo.
Ninguém pensa que, ao transar, estou me submetendo à vontade da minha parceira.
Ninguém demoniza meus orgasmos.

Nunca fui julgado por carregar camisinha na mochila e na carteira.
Nunca tive que esconder minhas camisinhas dos meus pais.

Nunca me disseram para me casar virgem por ser homem.
Nunca ficaram repetindo para mim que "Homem tem que se valorizar" ou "se dar ao respeito". Aparentemente, meu sexo já faz com que eu tenha respeito.

Quando saio na rua ninguém me chama de "delícia".
Nenhuma desconhecida enche a boca e me chama de “gostoso” de forma agressiva.
Eu posso andar na rua tomando um sorvete tranquilamente, porque sei que não vou ouvir nada como “Larga esse sorvete e vem me chupar”. Eu posso até andar na rua comendo uma banana.

Nunca tive que atravessar a rua, mesmo que lá estivesse batendo um sol infernal, para desviar de um grupo de mulheres num bar, que provavelmente vão me cantar quando eu passar, me deixando envergonhado.

Nunca tive que fazer caminhada de moletom porque meu short deixa minhas pernas de fora e isso pode ser perigoso.
Nunca ouvi alguém me chamando de “Desavergonhado” porque saí sem camisa.
Ninguém tenta regular minhas roupas de malhar.
Ninguém tenta regular minhas roupas.

Eu nunca fui seguido por uma mulher em um carro enquanto voltava para casa a pé.

Eu posso pegar o metrô lotado todos os dias com a certeza que nenhuma mulher vai ficar se esfregando em mim, para filmar e lançar depois em algum site de putaria.

Nunca precisaram criar vagões exclusivamente para homens em nenhuma cidade que conheço.

Nunca ouvi falar que alguém do meu sexo foi estuprado por uma multidão.

Eu posso pegar ônibus sozinho de madrugada.
Quando não estou carregando nada de valor, não continuo com medo pelo risco ser estuprado a qualquer momento, em qualquer esquina. Esse risco não existe na cabeça das pessoas do meu sexo.

Quando saio à noite, posso usar a roupa que quiser.
Se eu sofrer algum tipo de violência, ninguém me culpa porque eu estava bêbado ou por causa das minhas roupas.
Se, algum dia, eu fosse estuprado, ninguém iria dizer que a culpa era minha, que eu estava em um lugar inadequado, que eu estava com a roupa indecente. Ninguém tentaria justificar o ato do estuprador com base no meu comportamento. Eu serei tratado como VÍTIMA e só.

Ninguém me acha vulgar quando faz frio e meu “farol” fica “aceso”.

Quando transo com uma mulher logo no primeiro encontro sou praticamente aplaudido de pé. Ninguém me chama de “vagabundo”, “fácil”, “puto” ou “vadio” por fazer sexo casual às vezes.

99% dos sites de pornografia são feitos para agradar a mim e aos homens em geral.
Ninguém fica chocado quando eu digo que assisto pornôs.
Ninguém nunca vai me julgar se eu disser que adoro sexo.
Ninguém nunca vai me julgar se me ver lendo literatura erótica.
Ninguém fica chocado se eu disser que me masturbo.

Nenhuma sogra vai dizer para a filha não se casar comigo porque não sou virgem.

Ninguém me critica por investir na minha vida profissional.
Quando ocupo o mesmo cargo que uma mulher em uma empresa, meu salário nunca é menor que o dela.
Se sou promovido, ninguém faz fofoca dizendo que dormi com minha chefe. As pessoas acreditam no meu mérito.
Se tenho que viajar a trabalho e deixar meus filhos apenas com a mãe por alguns dias, ninguém me chama de irresponsável.

Ninguém acha anormal se, aos 30 anos, eu ainda não tiver filhos.

Ninguém palpita sobre minha orientação sexual por causa do tamanho do meu cabelo.
Quando meus cabelos começarem a ficar grisalhos, vão achar sexy e ninguém vai me chamar de desleixado.

A sociedade não encara minha virgindade como um troféu.

90% das vagas do serviço militar são destinadas às pessoas do meu sexo. Mesmo quando se trata de cargos de alto escalão, em que o oficial só mexe com papelada e gerência.

Se eu sair com uma determinada roupa ninguém vai dizer “Esse aí tá pedindo”.

Se eu estiver em um baile funk e uma mulher fizer sexo oral em mim, não sou eu quem sou ofendido. Ninguém me chama de "vagabundo" e nem diz "depois fica postando frases de amor no Facebook".
Se vazar um vídeo em que eu esteja transando com uma mulher em público, ninguém vai me xingar, criticar, apedrejar. Não serei o piranha, o vadio, o sem valor, o vagabundo, o cachorro. Estarei apenas sendo homem. Cumprindo meu papel de macho alpha perante a sociedade.
Se eu levar uma vida putona, mas depois me apaixonar por uma mulher só, as pessoas acham lindo. Ninguém me julga pelo meu passado.

Ninguém diz que é falta de higiene se eu não me depilar.

Ninguém me julgaria por ser pai solteiro. Pelo contrário, eu seria visto como um herói.

Nunca serei proibido de ocupar um cargo alto na Igreja Católica por ser homem.

Nunca apanhei por ser homem.
Nunca fui obrigado a cuidar das tarefas da casa por ser homem.
Nunca me obrigaram a aprender a cozinhar por ser homem.
Ninguém diz que meu lugar é na cozinha por ser homem.

Ninguém diz que não posso falar palavrão por ser homem.
Ninguém diz que não posso beber por ser homem.

Ninguém olha feio para o meu prato se eu colocar muita comida.

Ninguém justifica meu mau humor falando dos meus hormônios.

Nunca fizeram piadas que subjugam minha inteligência por ser homem.

Quando cometo alguma gafe no trânsito ninguém diz “Tinha que ser homem mesmo!”

Quando sou simpático com uma mulher, ela não deduz que “estou dando mole”.

Se eu fizer uma tatuagem, ninguém vai dizer que sou um “puto”.

Ninguém acha que meu corpo serve exclusivamente para dar prazer ao sexo oposto.
Ninguém acha que terei de ser submisso a uma futura esposa.

Nunca fui julgado por beber cerveja em uma roda onde eu era o único homem.

Nunca me encaixo como público-alvo nas propagandas de produtos de limpeza.
Sempre me encaixo como público-alvo nas propagandas de cerveja.

Nunca me perguntaram se minha namorada me deixa cortar o cabelo. Eu corto quando quero e as pessoas entendem isso.

Não há um trote na USP que promove minha humilhação e objetificação.

A sociedade não separa as pessoas do meu sexo em “para casar” e “para putaria”.

Quando eu digo “Não” ninguém acha que estou fazendo charme. Não é não.

Não preciso regrar minhas roupas para evitar que uma mulher peque ou caia em tentação.

As pessoas do meu sexo não foram estupradas a cada 40 minutos em SP no ano passado.
As pessoas do meu sexo não são estupradas a cada 12 segundos no Brasil.
As pessoas do meu sexo não são estupradas por uma multidão nas manifestações do Egito.

Não sou homem. Mas, se você é, é fundamental admitir que a sociedade INTEIRA precisa do Feminismo.
Não minimize uma dor que você não conhece.
Mas eu não pensava em sacanagem nenhuma. Só queria ficar perto dele. No máximo, deitar abraçado com ele. Na mesma cama. Nem um beijo, nada. Só um abraço, bem apertado. Ridículo, ridículo. Eu era meio retardado, acho.